quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Kaos


... e o que são os poetas senão blogueiros de épocas em que não tínhamos blogs...!

quero dizer: bom mesmo foi Camões, que enfiou aquela história gigante em um monte de versos metrificados.

Hoje em dia não - hoje, qualquer encontro cancelado, qualquer "fim de novela", qualquer "pra onde vai minha rebeldia" vira um monte de versos melancólicos e byronianos nas teclas de qualquer um - e chamamos de poesia. Hoje, os versos vem todos em prosa sistematicamente configurados na versificação "escrevocomoquerossílabo" e rimam - oh my God! - amor com dor, numa suprema originalidade. sem contar as viagens imagéticas que somos forçados a adivinhar, engolir.

o poeta é um fingidor mesmo.

segue um poeminha meu, para os bons entendedores...

Fomente a 
União; não
Crie o 
Kaos

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Bife

Algumas coisas são realmente estranhas. 
Depois de acordar no domingo me acomodei preguiçosamente no sofá e comecei a maratona "Troque Rapidamente de Canais" entre programas de violeiros, carros e desenhos animados. Entediante! Sei... Mas esse pequeno momento de tédio foi quebrado por uma cena estranhamente divertida: um bife entrou sorrateiramente pela porta da sala.
Ele veio flutuando envolto em sua suculenta aura de sabor. Um cheiro deliciosíssimo encheu o lugar. Levantei-me do sofá. Ele pairava devagar, despretencioso... mas eu li as entrelinhas: ME COMA
Como o primeiro passo que dei em direção ao bife não lhe causou nenhuma estranheza, avancei. avancei rapidamente e abocanhei o pedaço de carne voador.

...

Senti uma dor insuportável quando o bife me agarrou. Alguma coisa rasgou minha boca e eu fiquei enganchado com aquela carne, metade dentro, metade fora. E, então, uma força invisível me puxou violentamente em direção à porta. Eu me debati e forcei ao contrário, a despeito da imensa dor que vinha do bife na minha boca. Pode parecer loucura, mas a Força brincou comigo, me deixou resistir até que eu esgotasse minhas energias e me entregasse à dor. Então, fui puxado novamente e desta vez não tive como reagir. Bati a cabeça no portal e antes de apagar, senti que estava sendo levado pra cima.

...

Acordei com a sensação desconfortável de que não estava mais no meu lugar. Assustado, olhei e vi ao meu redor Tambaquis, Pacus, Tilápias e Dourados, que me observavam avidamente, com seus famintos olhos. Me observavam enquanto uma enorme Carpa me segurava com um alicate e retirava o anzol da minha boca.

Do outro lado da margem, bois e vacas aplaudiam.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aaaah!

Aaaah, screamed the little girl

sorry

Aaaah!, gritou a garotinha. gritou na noite fria e chuvosa, quando ela se viu naquele lugar escuro e medonho.
Aaaah!, gritou a garotinha. gritou porque não estava sozinha - tinha aquele homem estranho e sombrio.
Aaaah!, gritou a garotinha. com os olhos na lâmina fria que rasgou o ar.
Aaaah!
enquanto ela esfaqueava um pobre Zé Ninguém.



sorry, again

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Guerra Fria

Homens inteligentes, se esforçam pra entender os caminhos do bem - e já não lhes restam forças para combater o mal: servem apenas para escrever livros com seus apontamentos sobre moral e ética.


Homens ignorantes só fazem o mal - fazem porque é o que lhes resta: fazer o mal... e não se preocupam em mudar de rumos.


enquanto isso, na minha vida, uma GIGANTESCA GUERRA FRIA.


pelo menos na guerra fria deles, eles poderiam - se quisessem - disparar bombas nucleares nas cabeças uns dos outros.


eu fico aqui esperando, esperando, esperando...